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17/06/2008
Agronegócio cresce 2,81% no primeiro trimestre
Alta do PIB do agronegócio não significa lucro para o produtor, diz CNA O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio registrou crescimento médio de 2,81% no primeiro trimestre, segundo dados apresentados hoje (17) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A previsão é de que 2008 feche com crescimento superior a 10%, segundo o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. Cotta, no entanto, não se mostrou animado com o resultado. “O crescimento do PIB do agronegócio não significa crescimento de rentabilidade para o produtor", afirmou. Ele explicou que o aumento dos preços dos insumos, como fertilizantes, aumentaram mais de 75%, em doze meses (até abril). Essa elevação, apesar de contribuir para o bom desempenho dos números do agronegócio, ao mesmo tempo, reduz a renda do produtor. Por segmento, o PIB do setor cresceu 5,65% em insumos, 4,35% na produção primária, 1,38% na indústria e 2,15% na distribuição. A balança comercial do agronegócio registrou, de janeiro a maio de 2008, um superávit de US$ 22,552 bilhões, 22,6% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. As importações subiram 40,4%, passando de US$ 3,334 bilhões para US$ 4,680 bilhões e as exportações saíram dos US$ 21,731 bilhões para US$ 27,232 bilhões. O que realmente movimenta o agronegócio brasileiro, disse Cotta, “é a perspectiva de rentabilidade do produtor, que, infelizmente, não está conseguindo fazer com que o excelente cenário internacional dos preços agrícolas chegue ao seu bolso”. Ele defendeu a autorização para que o setor privado invista nos portos, considerado um dos maiores gargalos que impedem o escoamento eficiente da produção. “Toda a nossa infra-estrutura canaliza para meia dúzia de portos que, efetivamente, fazem a importação e a exportação brasileira. Se não permitirmos que o setor privado, que está ávido a fazer investimentos portuários, possa fazer suas aplicações no setor, não adianta aumentar a produção porque não vamos conseguir fazer o escoamento disso ou vai ser a preço tão baixo que não vai justificar o investimento do produtor”, afirmou. Em relação aos fertilizantes, Cotta disse que, antes de se pensar em estatizar parte do setor, como chegou a ser cogitado pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, deve-se resolver questões mais pontuais. Cotta defendeu o fim do adicional de frete da marinha mercante, que, segundo ele, sobretaxa em 25% o valor do frete de longo curso, zerar toda alíquota de importação de fertilizantes, a isenção do ICMS e a revisão da legislação sobre minas no país. “A legislação de exploração de lavra no Brasil acabou permitindo que várias minas não fossem exploradas nos últimos anos e servissem, de certo modo, de reserva de mercado para poucas empresas, o que acabou permitindo uma grande concentração no mercado, principalmente na linha de fosfatados”, acrescentou.