Escassez de semicondutores pode se agravar com medidas de economia de energia da China

A dificuldade na obtenção semicondutores deve seguir sendo uma preocupação para a indústria de máquinas e implementos agrícolas. A expectativa, segundo o Valor Econômico, é que o pico da escassez de alguns produtos, como semicondutores, ocorra neste terceiro trimestre. Em julho, o comércio mundial em volume caiu 0,9% comparado a junho, quando tinha registrado alta de 0,7%, segundo levantamento do CPB, centro de pesquisa econômica da Holanda. Usados para conectar diversas funções eletrônicas e fabricados majoritariamente em uma única região do mundo, os semicondutores são essenciais para o funcionamento de praticamente quase tudo o que consumimos e, em muitos casos, dependemos. De geladeiras, smartphones e placas gráficas, passando por carros até o funcionamento de painéis solares e moinhos para energia eólica.

As medidas de isolamento social da pandemia impediram as pessoas de consumir, e as empresas reduziram bastante a produção. As políticas de estímulo adotadas por diferentes governos permitiram que a demanda fosse logo retomada, mas as empresas não relançaram a produção no mesmo ritmo. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontou um aumento nas encomendas de mercadorias, enquanto os estoques continuam caindo. A situação se agravou em março, quando ocorreu um incêndio em uma importante fornecedora mundial de chips no Japão. 

Outro problema que surgiu foi a política de economia de energia adotada pela China. Muitos setores industriais precisam atingir metas de emissões de carbono impostas pelo governo para combater as mudanças climáticas. Algumas indústrias chinesas, que estão entre as principais fabricantes e fornecedores desses insumos e de suas matérias-primas no mundo, terão que reduzir sua produção com a restrição no consumo de energia.

A paralisação da produção em várias províncias chinesas pode, como explica o Valor Econômico, enviar outra onda de choque através da cadeia de suprimentos automotiva e de tecnologia global. O setor já sofre com a escassez de chips e componentes sem precedentes e ainda está passando por interrupções no Vietnã e na Malásia por causa da pandemia de covid-19. Os pedidos por semicondutores estão demorando cerca de 21 semanas para serem atendidos e a escassez ainda pode durar muito. Vale lembrar que hoje o tempo de entrega médio da indústria de máquinas agrícolas tem sido superior a 120 dias.