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30/01/2014
“É lamentável que o estado possa perder um dos seus maiores projetos de irrigação”, afirma Bier

A revogação das Licenças de Operação LO 1990/12 e LO 1991/12 pela FEPAM coloca em risco a continuidade do projeto de irrigação Mais Água, Mais Renda, ativo desde 2012. O presidente do SIMERS, Claudio Bier, que também é integrante do “Conselhão”  do governo estadual foi quem sugeriu a criação deste programa para tentar solucionar o problema da estiagem, que já causou prejuízos aos produtores gaúchos. Esta decisão unilateral desconsiderou todo o processo de criação das LOs originais, emitidas na criação do programa, depois de muitas discussões entre todos os integrantes do Grupo de Trabalho, instituído por decreto pelo governador Tarso Genro e com o apoio do Ministério Público. Entre os principais itens eliminados estão a exclusão da captação direta de água em curso hídrico (que deveria ser de competência do Departamento de Recursos Hídricos da SEMA), o que inviabiliza o aproveitamento de águas de rios, como é comum no uso das lavouras de arroz do Rio Grande do Sul, de outros estados e países,  e a exclusão da possibilidade da construção de açudes, conforme estava nas LOs 1990 e 1991, que explicavam que a legislação permitia a armazenagem de água a partir de cursos de água intermitentes , ou seja, rios que  secam em determinada época do ano. Até dezembro de 2013, foram protocolados 2.577 pedidos de adesão de agricultores para projetos de irrigação na Secretaria da Agricultura. Até o momento, os investimentos previstos alcançam R$ 306 milhões, algo inédito no país, o que representa 66 mil hectares novos irrigados.

O presidente do SIMERS, Claudio Bier, considera essa decisão uma perda para agricultura gaúcha. “A realidade do campo ainda é uma incógnita para muitos. Principalmente, para quem vive nas grandes cidades e não teve a oportunidade de conhecer como é o trabalho de quem tira o próprio sustento da lavoura. O segmento industrial de máquinas agrícolas sabe muito bem como funciona a rotina de quem ganha a vida na força do braço, na incerteza dos fenômenos naturais. Na zona rural, a falta de chuva é sentida de outra forma. Os reflexos da escassez são mais profundos e interferem direto na renda e na vida do produtor. Por isso sugeri um projeto de irrigação para ajudar o produtor principalmente na época de seca, mas também ajudar durante o ano todo. Quanto a planta pede necessita de água, se o terreno  for irrigado, ela vai ter acesso à água no momento em que precisar. Se chover quatro ou cinco dias depois, a planta  vai se recuperar, mas não vai crescer com a mesma qualidade que teria se tivesse acesso à água  quando “pediu”. E isso o sistema de irrigação oferece essa vantagem, o que aumenta a qualidade e a quantidade de produção. É o caso do milho. Outro aspecto que ressalto: se o estado fosse fechado por paredes de dois metros de altura, como se fosse um grande tanque, e armazenasse toda a chuva que cai durante o ano,considerando   períodos de seca, esse “tanque” iria transbordar. Quero dizer com este exemplo que toda essa água, se não utilizada, vai para o mar. Só queremos usar um pouco dessa água nas lavouras gaúchas. É lamentável que esse projeto que trouxe tantos benefícios e é um dos mais importantes do Rio Grande do Sul corra o risco de terminar por falta de diálogo e ao radicalismo da FEPAM. O  Mais Água, Mais Renda foi pioneiro no país e é um dos mais eficientes. Espero que a entidade reveja o seu posicionamento”, afirma Bier.