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10/07/2013
Entidades da indústria cobram redução dos gastos do governo

A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) criticou a decisão do Banco Central (BC) de aumentar a taxa Selic para 8,5% ao ano, mas a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que o cenário inflacionário preocupante justifica a ação. Ambos cobraram ajustes nas contas públicas para ajudar no combate à inflação.

— O novo aumento da Selic, em um momento de queda da produção industrial, vem no sentido de atravancar ainda mais a já lenta retomada do setor produtivo, uma vez que inibe os investimentos e a expansão da oferta, gerando ainda mais pressões de preços. O combate à inflação alta, que é reflexo de problemas estruturais, passa impreterivelmente por ajustes importantes das contas públicas, que devem ser feitos sem manobras contábeis e nem aumento dos impostos — afirmou o presidente da Fiergs, Heitor José Müller.

O dirigente destacou ainda que a atividade da indústria gaúcha permanece instável, alternando ao longo do ano períodos de crescimento e retrações. A queda mais recente ocorreu na passagem de abril para maio (-1,8%). Nos primeiros cinco meses de 2013, o emprego e a massa salarial, por exemplo, acumulam perdas de 1,1% e 0,2%, respectivamente.

Para a CNI, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar o juros básico da economia para 8,5% ao ano está dentro das expectativas. O cenário inflacionário preocupante, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima do teto da meta, justifica a ação dos condutores da política monetária, avalia a entidade. Conforme a CNI, a recente desvalorização cambial acrescenta uma dimensão nova a um cenário já negativo, gerando maior pressão inflacionária. A ligeira desaceleração nos preços administrados ocorre por desonerações pontuais, com efeito apenas de curto prazo, uma vez que não se repetirão.

"Posto que a política fiscal não é efetiva para o controle inflacionário — os gastos do governo continuam se expandindo —, acentua-se a necessidade de atuação pela via da política monetária. Contudo, não se pode negligenciar os efeitos negativos da elevação dos juros sobre a recuperação econômica", afirma a instituição em comunicado.

Por isso, a CNI alerta que é necessária uma revisão da combinação de políticas e uma readequação do ritmo de expansão dos gastos públicos às necessidades da estabilização, de modo a gerar condições de um ciclo de juros menos intenso e evitar que todo o ônus do controle inflacionário recaia sobre o setor produtivo.