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Setor de máquinas agrícolas ensaia retomada de contratações
Com o resultado recorde de vendas do setor na Expointer, que ultrapassou R$ 2 bilhões, o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers) projeta aumento de produção e, em consequência, de vagas. Para o presidente da entidade, Claudio Bier, pelo menos 3 mil postos diretos de trabalho devem ser criados nos próximos meses para atender à demanda por máquinas agrícolas. – Hoje temos 33 mil vagas de empregos diretos e devemos ampliar – estima Bier. O presidente do Simers informa que as empresas estão dobrando turno de produção e que existem indústrias com encomendas previstas para serem entregues até março do próximo ano. A boa perspectiva é reforçada pela elevação dos preços dos grãos, com tendência de se manter em alta ao longo da safra de verão. – Nossa safra entra antes da norte-americana e, até o novo ciclo nos Estados Unidos, devemos manter os preços nesses patamares – avalia o dirigente. O otimismo é compartilhado pelos trabalhadores do setor de metalurgia, que esperam a reabertura de vagas depois de recentes cortes feitos em decorrência da queda nas vendas, por motivos como restrição de exportações à Argentina. A Agco cortou 55 vagas na fábrica da Massey Ferguson em Santa Rosa em fevereiro. De 2011 para cá, a John Deere fechou 340 postos de trabalho em Horizontina. A redução das taxas do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para 2,5%, anunciada semana passada pelo governo federal, reforça o cenário de otimismo de indústrias e dos trabalhadores. No entanto, alguns setores veem com cautela a euforia depois da Expointer. O gerente regional de vendas da Massey Ferguson, Ernani Leonel Oliveira, avalia que o principal período de vendas das máquinas para a safra é entre os meses de junho e setembro e que a maior parte dos produtores já comprou novos equipamentos. – Na nossa estimativa, a medida do PSI não terá impacto ainda nesta safra. Quem tinha de comprar, já comprou – ressalta Oliveira. O presidente da Stara, Gilson Trennepohl, reforça que a maior parte do fechamento dos negócios está à espera da regulamentação do corte nos juros do PSI. Mesmo depois da divulgação das regras pelo BNDES, pode levar algum tempo para a retomada das compras. – Até voltar a andar, deve demorar uns 60 dias, com isso acabamos perdendo o semestre – salienta o presidente da Stara. Mesmo em compasso de espera pela implementação do juro menor no PSI, Bier mantém a posição de que a temporada será positiva. O dirigente projeta que, em até 10 dias, o governo divulgue a regulamentação da redução de taxas. – Não tivemos vendas canceladas. O que ocorre é que os produtores estão segurando o financiamento esperando a redução – ressalta. Outro fator de preocupação das indústrias é a migração de operações para plantas na Argentina, que oferece um incentivo de 14% no crédito para os exportadores no chamado Reintegro. – Essa condição de retomada é algo momentâneo, mas o problema com a Argentina é permanente – alerta Bier.