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02/03/2012
Expodireto e a crise da indústria de máquinas
A proximidade de mais uma grande feira agrícola no Estado, a Expodireto Cotrijal 2012, leva-nos a uma reflexão sobre a situação da indústria de máquinas agrícolas em nosso país, um dos setores que, em geral, representa o maior volume de vendas num evento como este. Pode-se inferir uma diminuição na comercialização desses produtos em face da descapitalização do produtor diante da seca e atribuir a este fato, a responsabilidade pela crise no setor, entretanto, não é prudente ancorar os problemas atuais da indústria na estiagem. Embora seja este um agravante muito significativo, o custo Brasil é um aspecto anterior e que precisa ser solucionado com a mesma urgência e atenção dos governos. As fabricantes não poderão suportar por muito tempo os altos tributos, a concorrência de fora do país, o câmbio, enfim, obstáculos enfrentados dia a dia para não diminuir a produção e, consequentemente, recorrer às demissões como último recurso. O Rio Grande do Sul, Estado que abriga 65% das fábricas no Brasil, tem sido duramente atingido, mas a seca que nos abate é mais um revés num cenário já bem conturbado. Vivemos sob uma espécie de efeito dominó, onde estão enfileirados o homem do campo sem o grão para colher e sem dinheiro para renovar seu maquinário, a indústria estrangulada principalmente pela carga tributária e com os pátios cheios de máquinas e o trabalhador temendo a perda do emprego. A indústria aguarda as medidas do governo federal, pois o preço a ser pago ficará cada vez mais alto, sobretudo para o Rio Grande, que gera cerca de 33 mil empregos diretos e mais de 120 mil indiretos. Deve-se reconhecer que os governos federal e estadual têm buscado o diálogo com o setor, mas a morosidade na tomada de medidas eficazes poderá gerar um cenário difícil de reverter. Quanto a Expodireto 2012, não se pode ignorar os reflexos da estiagem sobre a capacidade de compra do produtor rural gaúcho, mas como grande feira que é, deverá sim atingir o volume de vendas de máquinas do ano passado, ainda que o seu sucesso não resida somente na comercialização. Trata-se de uma vitrine de pesquisa e tecnologia e um fórum importantíssimo para o debate de temas do setor e, certamente, neste aspecto também repetirá o sucesso dos outros anos. * Artigo do Presidente do Simers publicado no Jornal Zero Hora de 02/03/2012