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12/01/2012
Perdas da safra frearão crescimento do PIB
Ela tem uma participação de 9,9% no Valor Adicionado Bruto (VAP) do Rio Grande do Sul, mas possui influência suficiente para impactar os demais ramos da economia local. Mesmo que ainda seja cedo para mensurar os estragos causados pela falta de chuvas em solo gaúcho, o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Martinho Lazzari afirma que dificilmente a variação positiva de 5,7% no Produto Interno Bruto (PIB) estadual em 2011 será superada neste ano. A agropecuária e a consequente dependência do Estado com o setor são temas principais da edição de janeiro da Carta de Conjuntura da instituição. O economista avalia que fevereiro se mostrará decisivo para esclarecer as consequências da seca, pois é um mês importante na colheita da soja. De acordo com o especialista, as perdas da atual safra frearão o desempenho econômico gaúcho em 2012. Após dois anos consecutivos de resultados superiores aos obtidos pelo Brasil, o PIB local deve ficar abaixo da média nacional. "Isso não quer dizer que o desempenho será negativo. Ainda não é possível prever o tamanho do estrago causado pela estiagem no PIB, pois há outros setores em jogo. Mas a gente vai crescer menos do que poderia crescer e, provavelmente, menos que o Brasil", diz Lazzari, autor do artigo sobre o tema. O texto ratifica com números a velha lógica de que o setor primário dita os rumos da economia sul-rio-grandense. Em dez dos últimos 11 anos, as oscilações do PIB acompanharam o ritmo do segmento. Em 2001, 2003, 2006, 2007, 2010 e 2011, quando houve expansão na produção agropecuária, a soma das riquezas do Rio Grande do Sul se constituiu superior à brasileira. A exceção foi 2009, que teve incremento de 2,9% no ramo e PIB negativo de 0,4%, 0,1 ponto percentual a menos que o País. Nesse caso, o cenário é creditado à crise financeira internacional. Em 2002, 2004, 2005 e 2008, temporadas marcadas pela involução na área, o PIB foi inferior ao brasileiro. "O peso total desse sistema econômico pode chegar a quase um terço do PIB. Ao impactar, diretamente e indiretamente, parcela tão significativa do PIB, o desempenho da agropecuária torna-se decisivo na explicação da evolução da economia do Estado", justifica trecho da publicação. Paralelamente, no período analisado, a participação gaúcha no PIB nacional caiu de 7,1% para 6,7%. A volatilidade do segmento primário desempenhou um papel crucial nessa redução. Lazzari aponta que, pelo menos no curto prazo, a dependência da agropecuária tende a continuar forte. No entanto, indica que há a necessidade de se buscar formas de atenuar os reflexos das oscilações da atividade. "Embora tenhamos estiagem, a agricultura e a pecuária são culturas tradicionais e geralmente vão bem. Mas precisamos fazer algo, temos que pelo menos demonstrar algum avanço.