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12/01/2012
Cenário econômico incerto e concorrência com importados afetam os investimentos das indústrias gaúchas
11/1/2012 - A evolução da crise financeira global e seus possíveis desdobramentos negativos na economia brasileira, além da forte entrada de produtos manufaturados importados, deverão seguir impactando nas intenções de investimentos do setor industrial gaúcho em 2012. De acordo com a pesquisa realizada anualmente pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), 84,9% das empresas planejam investir, um percentual menor do que ocorreu em 2011 (88,1%). "O momento é de cautela, grande parte dos investimentos serão para terminar projetos já iniciados, uma vez que a concorrência com os importados retira fatias do mercado dos produtos fabricados no Brasil e muitas empresas operam com capacidade ociosa", afirmou o presidente da FIERGS, Heitor José Müller. Conforme 85,6% dos industriais, o fator potencial mais importante para impedir total ou parcialmente a efetivação dos investimentos é a incerteza com as consequências da turbulência econômica internacional. Um índice bem superior ao do ano passado, quando 63% dos entrevistados disseram que esse fator foi responsável pela não realização plena dos projetos. O segundo e terceiro maiores riscos apontados para os próximos 12 meses são a reavaliação da demanda pela ociosidade elevada (52,2%) e o aumento inesperado do custo previsto (34,4%). Completam o ranking, o custo do crédito e do financiamento e a dificuldade de obtenção de mão de obra qualificada (28,9%). A busca da indústria gaúcha em 2012 será por ganhos de produtividade e redução de custos. Portanto, a melhoria do processo produtivo constituirá o principal objetivo dos investimentos planejados para 31% dos entrevistados, seguida da elevação da capacidade produtiva (28,2%). Já a manutenção da utilização da capacidade instalada (12,9%) perde importância relativa para as questões associadas à inovação, em especial, a introdução de novos produtos, conforme 18,8% das respostas. Segundo o presidente da FIERGS, "o Brasil precisa de um choque de industrialização. Este é um choque estrutural, capaz de gerar ganhos de competitividade, pois não se trata de uma questão conjuntural, apenas. A indústria brasileira vem perdendo espaço nos mercados internos e externos nos últimos anos." Além disso, o foco das vendas ficará no mercado consumidor nacional (60,8%), enquanto apenas 2,4% indicaram outros países. Müller lembrou que desde 2000 vem caindo a participação dos produtos manufaturados nos embarques brasileiros, bem como aumentando a participação dos importados no mercado nacional. Apesar do saldo comercial brasileiro de US$ 29,8 bilhões em 2011 ter sido o maior desde 2007, a indústria apresenta um resultado tímido. "Muitas empresas estão com dificuldades de acessar o mercado internacional. Na prática, estamos perdendo a oportunidade de gerar renda e empregos. Essas importações estão suprindo boa parte da demanda interna, diminuindo a participação do setor industrial nacional. Se essa tendência permanecer vamos voltar aos tempos do charque", alertou Müller. Com relação às origens do financiamento para os novos investimentos, os industriais consultados afirmaram que os recursos próprios serão a principal fonte de capital (46%), porém, uma proporção menor em relação à praticada em 2011, quando chegou a 50,6%. Desta forma, o setor dará mais ênfase na utilização de financiamento de terceiros, especialmente dos bancos oficiais de desenvolvimento (32,4%), seguido de bancos comerciais privados (8,9%) e públicos (8,4%). Como parte dos investimentos, 83,9% dos pesquisados informaram que vão adquirir máquinas e equipamentos. Uma quantidade expressiva destas compras virá dos importados (61%), sendo que 19,8% pensam em aumentar suas encomendas do exterior, em relação ao que foi adquirido em 2011 e 10,6% pretendem reduzi-las.