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22/11/2011
Governo da Guiné quer adotar o Mais Alimentos África
A Guiné poderá ser o mais novo país africano a adotar o Programa Mais Alimentos África, já presente em Gana e no Zimbábue. Uma delegação do governo guineense esteve, nesta terça-feira (22), com o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Afonso Florence, para negociar com o governo brasileiro um acordo de cooperação para assistência dos agricultores familiares do país africano. A visita resultou em um pedido informal ao governo brasileiro do ingresso da Guiné no programa de cooperação técnica para obter subvenções, equipamentos, assistência técnica e créditos para a agricultura familiar a fim de garantir autossuficiência e segurança alimentar para seus quase dez milhões de habitantes. Em contrapartida, o ministro Florence ofereceu o Programa Mais Alimentos e observou que o governo brasileiro tem o maior interesse em apoiar as iniciativas porque elas fazem parte da política de cooperação Sul–Sul. “Vamos nos esforçar, a partir desta reunião, nas equipes técnicas, para os dois países firmarem os termos necessários para essa cooperação”, disse o ministro brasileiro. A Guiné, segundo o ministro de Desenvolvimento Rural e conselheiro da Presidência da República, Elhadj Thierno Mamadou Cellou Diallo, tem cinco anos para ajustar todos os setores de sua economia e corrigir um déficit de séculos de pobreza. O prazo foi determinado pelo atual presidente Alpha Condé ao assumir o poder. “É uma promessa de proporção gigantesca porque na Guiné tudo é prioridade: faltam hospitais, escolas, tudo está por fazer e, justamente por isso, o presidente Condé decidiu priorizar alguns setores e, dentre as prioridades, destaca-se a autossuficiência alimentar”, informou o conselheiro. O ministro Cellou Diallo disse que a promessa se deve ao déficit histórico do país, que ficou independente há pouco mais de meio século. “Um dos objetivos da visita ao MDA foi a de mostrar que a Guiné, apesar de ser um país potencialmente rico, está entre um dos mais pobres do mundo”. A visita, segundo ele, “foi também para compreender os mecanismos implantados e ver como o Brasil, que tem riquezas do mesmo tipo, aplicou seus conhecimentos e potenciais para resolver essas diferenças”, explicou. Com uma inflação de 20% ao ano, apenas 4,47% de área total arável e 950km (0,38% da área total) de área irrigada, a Guiné, de acordo com o ministro para o Desenvolvimento Rural, não tem como adquirir a autossuficiência alimentar sem boas políticas agrícolas. “Na Guiné, em termos de potencial mineral, a agricultura pode ser realizada em todas as regiões do país. E como no nosso país a maioria dos agricultores é ligada à agricultura familiar, desejamos aprender o segredo desse sucesso”, disse o ministro Cellou Diallo. Segundo ele, a equipe já aprendeu “um pouco sobre a posição histórica do Brasil e vimos que essas políticas adotadas hoje são muito justas, pois o Brasil já está entre os países emergentes. Estamos convencidos de que daqui a uns dez anos o Brasil se torne um entre os países mais ricos do mundo”, avaliou. Um dos integrantes da delegação e ministro de Negócios Estrangeiros, Edouard Niankoye Lama, disse que o governo guineense deseja estabelecer também intercâmbio em tecnologia e receber créditos subsidiados com boas condições de pagamento para fortalecimento desse setor da agricultura em seu país. O governo da Guiné pretende conhecer o funcionamento do programa não só no campo, mas também como ele é gerenciado dentro do MDA.