Notícias

11/07/2011
Possibilidade de instalação de fábricas de máquinas agrícolas na Argentina deixa setor apreensivo no Brasil
O anúncio de que indústrias de máquinas e implementos agrícolas planejam instalar fábricas na Argentina aumenta a apreensão do setor no Brasil. Desde o início do ano, o país vizinho impõe barreiras para liberar as licenças de importação de produtos brasileiros, causando um prejuízo de pelo menos R$ 300 milhões. A Argentina compra em média 5,2 mil máquinas agrícolas por ano do Brasil. A emissão de licenças para a entrada dos produtos foi suspensa em janeiro. A medida contribuiu para que o setor tivesse uma queda de 7% nas vendas no primeiro semestre, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. No Rio Grande do Sul, de onde saem mais de 60% das máquinas fabricadas no país, as perdas chegaram a 9 % em relação ao mesmo período do ano passado. – O que eu acho engraçado é o seguinte: quando nós, industriais, reclamamos que a China está enchendo o Brasil de produtos, o governo disse, ah, vocês tem que ser mais competentes. No caso da Argentina, nós somos muito mais competentes que eles, mas não vale esta mesma máxima. A Argentina está ganhando a batalha. Têm indústrias brasileiras que estão inclinadas a se instalarem no país, porque elas não querem perder o seu mercado – disse Cláudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers). Para a economista Beky de Macadar, o investimento de uma multinacional que já está na Argentina e vai passar a fabricar tratores e colheitadeiras é a prova de que o Brasil vai mesmo perder espaço no setor. – A indústria, a gente sabe que tem um componente de estimular a economia. E agora, eles estão querendo, digamos, recuperar o tempo perdido e industrializar novamente o país. Nessas circunstâncias, considerando que o agronegócio argentino é poderoso, muito competitivo, tem terras boas e é rentável, eles, no lugar de continuar importando metade dos tratores, estão querendo produzir internamente. E esta fábrica vai produzir, vai retomar a produção e levar para o patamar anterior – falou Beky de Macadar.