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06/05/2011
Foco especial na irrigação
Diante do desafio global de aumentar em 20% a produção de alimentos em 10 anos, a irrigação se apresenta como uma das tecnologias mais acessíveis para a agricultura no país. Apesar de contar com o que há de mais moderno em equipamentos, o Brasil tem apenas 4,5 milhões de hectares irrigados cerca de 5% do total da área plantada. Uma realidade que passa por gargalos ambientais e energéticos e pela ausência de incentivos públicos para investimentos na área. Mas, se os avanços parecem distantes da maioria das lavouras, a conscientização em torno da adoção de práticas mais eficientes para o uso da água se fortalece a cada ano. Na 18ª Agrishow, que se encerra hoje em Ribeirão Preto (SP), a participação de indústrias de equipamentos para irrigação nunca foi tão grande: 20 fabricantes de sistemas como pivô central e gotejamento. – Há uma preocupação das empresas em atender cada vez melhor ao sistema de produção na agricultura irrigada – avalia Helvécio Mattana Saturnino, presidente da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (Abid). Porém, segundo Saturnino, além da falta de incentivos governamentais, a situação atual é reflexo de uma cultura de agricultura não irrigada no país. No Rio Grande do Sul, onde todos os anos os períodos de estiagem são ameaças para a produção agrícola, menos de 5% das lavouras de soja e milho são irrigadas. – Hoje, entre comprar um hectare de terra a mais ou um investir em irrigação, o produtor gaúcho opta pela terra – sintetiza Claudio Bier, presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS (Simers). Para mudar a falta de investimento na área, segundo Bier, é necessário incentivo do governo. Neste mês, a entidade deve concluir um projeto no modelo de um Fundopem da Irrigação para apresentar ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo de Tarso Genro. A ideia, diz Bier, é desonerar impostos no percentual de produtividade ampliado com o uso da irrigação, para facilitar a compra de equipamentos específicos. O desafio de aumentar as áreas irrigadas nas propriedades rurais do país passa por três questões fundamentais, aponta Marcelo Borges Lopes, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A primeira é a questão ambiental, seguida da distribuição e capacidade de energia elétrica e, por último, da reservação de água. – Temos um potencial para 30 milhões de hectares irrigados. Mas, com a legislação atual e a falta de incentivos, é inviável atingir esse volume – diz Lopes, diretor-presidente da multinacional norte-americana Valley Brasil, uma das líderes no mercado de equipamentos para irrigação. Fabricante mundial aposta no sistema de gotejamento Atenta a uma necessidade que deve transformar a produção agrícola nos próximos anos, a fabricante mundial de máquinas agrícolas John Deere, com unidades em Montenegro e Horizontina, antecipou-se às concorrentes no setor e passou a investir em equipamentos de irrigação. – As lavouras precisam ser competitivas, produzindo mais com menos – afirma Paulo Rohde, diretor geral da John Deere Water para América do Sul, ao acrescentar que a irrigação pode ser utilizada não somente para afastar riscos, mas também para aumentar a produtividade das áreas já em uso. Com um sistema de gotejamento, o equipamento fabricado pela empresa é utilizado hoje principalmente na fruticultura, no reflorestamento e na cafeicultura. Na quarta-feira, foi anunciada que seria criada a Secretaria Nacional de Irrigação. Entre as metas está a colocação de uma área total de 200 mil hectares no setor público.