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11/02/2008
Só modernização pode reduzir impactos do clima na agricultura
Os impactos das mudanças climáticas nas próximas décadas para os produtores rurais vão variar conforme o tipo de tecnologia em cada região. É o que concluem os cientistas Molly Brown, da Agência Espacial Norte Americana (Nasa), e Christopher Funk, da Universidade da Califórnia, em artigo publicado na Revista Science do último dia 1º. O texto analisa pesquisa produzida em conjunto por profissionais da Universidade de Stanford, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore e do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica. A sofisticação tecnológica é apontada como fator determinante para uma produção mais resistente às questões climáticas e agrícolas: “Insegurança alimentar, portanto, não é produto somente do determinismo climático e pode ser abordada por melhorias na economia e políticas agrícolas em escalas local e global”. O artigo destaca uma diferença “extrema” de produtividade entre fazendas que utilizam técnicas de plantio manuais e outras que trabalham com fertilizantes à base de petróleo, pesticidas, mecanização e biotecnologia. Os fazendeiros mais pobres têm um sistema agrícola simples e teriam dificuldade em responder de forma eficiente aos impactos das mudanças climáticas. “Esta deficiência pode ser agravada por políticas macroeconômicas que criam desestímulos ao desenvolvimento da agricultura, como os subsídios nos Estados Unidos e na Europa e programas de transferência de dinheiro pobremente implantados”, lembram Brown e Funk. Uma das estratégias sugeridas às comunidades pobres no estudo seria a substituição da produção de milho por sorgo, que requer menos água e tem maior tolerância ao clima quente e seco. Ações de governo, como aperfeiçoar o monitoramento climático e sistemas de alertas preventivos, seriam importantes para reforçar programas de desenvolvimento da agricultura. O estudo diz que as mudanças climáticas podem provocar redução significativa da produção global de milho, trigo e arroz. Os reflexos seriam sentidos na queda de rendimento de comunidades “subalimentadas” e no aumento do preço das commodities (produtos primários negociados em bolsas de mercadorias). Mas os cientistas apontam uma saída: “A produtividade agrícola muito baixa em países com insegurança alimentar representa uma grande oportunidade. Transforme este sistema de agricultura através de sementes melhoradas, fertilizantes, uso da terra e governança, e a segurança alimentar pode ser atingida por todos.”