04/02/2009
Empresários pedem ao governo mais crédito e mudanças de impostos
Representantes de setores produtivos pediram hoje (4) à equipe econômica do governo mais agilidade na definição dos pacotes de estímulo à economia e cobraram medidas de facilitação do crédito. Em encontro de mais de três horas, eles discutiram os efeitos da crise econômica com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, reclamou da demora do governo em lançar o pacote habitacional, inicialmente previsto para ser divulgado no mês passado. “O programa da área habitacional está atrasado no desenho e no lançamento. Numa situação de crise, é preciso que o governo tome medidas urgentes”, afirmou.
Monteiro Neto também pediu mudanças no prazo de recolhimento de impostos das micro e pequenas empresas, afetadas pela escassez de crédito. “Se as pequenas empresas estão sem acesso ao crédito, por que não dar mais prazo para elas recolherem tributos? Isso fornece capital de giro para um setor importante da economia”, declarou.
Para o presidente da CNI, é necessário que os investimentos definitivamente deixem de pagar impostos. “Quem investe neste país ainda é penalizado com a tributação. Esperamos que essa agenda possa caminhar até para estimular a economia”, apontou Monteiro Neto. Ele também pediu mais agilidade ao governo federal para ressarcir os estados que isentam as exportações de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, pediu ajuda dos bancos oficiais e do próprio setor privado no adiantamento de empréstimos do BNDES nos projetos de longo prazo. Chamadas de empréstimos-ponte, essas operações, em que uma instituição empresta dinheiro ao empreendedor até os que recursos do BNDES sejam efetivamente liberados, estão congeladas desde o agravamento da crise econômica.
“Temos R$ 100 bilhões de projetos de infra-estrutura em andamento, além de R$ 120 bilhões em investimentos ligados à área de petróleo. Nosso desafio é fazer com que esses projetos não tenham problemas de continuidade. Para isso, é necessário irrigar o crédito e criar estruturas de financiamento”, explicou Godoy.
Na avaliação do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, as medidas tomadas até agora pelo governo para restabelecer o crédito estão tendo efeito limitado. “O crédito continua curto, caro e seletivo”, criticou.
Segundo Schneider, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ajudou a recuperar a venda de carros comerciais em janeiro último. Apesar disso, ele diz que as vendas estão menores que as registradas no mesmo período do ano passado e reclama que a medida ainda não beneficiou todos os setores da indústria automotiva. “As vendas de colheitadeiras e caminhões, por exemplo, continuam em queda significativa.”
Depois de ouvir as reivindicações dos empresários, o governo não confirmou nenhuma novidade. “Não houve nenhuma medida nova”, disse o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que o governo vai trabalhar para atender aos pedidos.