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26/11/2008
Crise financeira deve afetar exportações do agronegócio
Em meio às turbulências do mercado, previsões apontam um maior conservadorismo nas relações comerciais, o que deve reduzir as exportações no mundo. Por enquanto, os produtos agrícolas seguem em alta. De janeiro a outubro, as vendas externas somaram quase US$ 70 bilhões, cerca de 26% a mais que no mesmo período do ano passado. Mas alguns analistas acreditam que este quadro deve se inverter a partir do ano que vem. É o que você confere na terceira reportagem do Rural Notícias sobre a crise financeira. (Assista à reportagem) Cerca de 40% de tudo o que o Brasil exporta sai do campo. O agronegócio é o principal responsável pelo saldo positivo da balança comercial, que é a diferença entre o que o país compra e vende. Mas, com o colapso financeiro, houve uma retração mundial. O medo de uma recessão levou muitos países a reduzirem as negociações externas. E as exportações brasileiras sentiram o impacto. Segundo o Banco Central, este ano, o saldo comercial deve ficar em US$ 23,8 bilhões, bem abaixo dos US$ 40 bilhões registrados em 2007. E a situação pode ser pior em 2009. Alguns analistas acreditam que a falta de crédito, a redução da área plantada, os custos elevados e a queda dos preços das commodities possam provocar uma queda de 20% na receita das exportações agrícolas, algo em torno de US$ 15 bilhões. Cenário que poderia zerar o saldo comercial. O Ministério da Agricultura prefere não fazer um prognóstico, apenas reforça que o campo deve ganhar mais importância. – Vários técnicos estão apontando algo como uma diminuição da ordem de 15 a 20% no valor das exportações para 2009, das exportações agrícolas. Mas ainda assim o superávit do agronegócio continua e talvez passe a ser mais importante para o país em 2009 e 2010 – afirma o secretário de relações internacional do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa. O Fundo Monetário Internacional projeta um crescimento da economia mundial em torno de 2% em 2009. Mas os países emergentes devem ter uma expansão muito maior, o que traz um pouco mais de tranqüilidade. Isso porque as exportações agrícolas brasileiras têm como destino mais de 150 países, a maioria, economias em desenvolvimento. – O mundo, na média, vai crescer um pouco puxado pelo crescimento dos países em desenvolvimento, que vai crescer mais do que 5%, e as nossas exportações hoje estão indo cada vez mais para países em desenvolvimento. Isso é bom, os nossos maiores clientes continuarão crescendo, ainda que mais lentamente – o diretor de promoção comercial do Ministério da Agricultura, Eduardo Sampaio. A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) está otimista. Mesmo com as projeções de queda nas exportações, a OCB prevê um crescimento no setor tanto para este ano como para o próximo. – As cooperativas vão crescer aproximadamente 25% este ano e nós estamos projetando algo em torno de 15% a 20% positivo para o próximo ano, dada a agregação de valor que nós observamos e a ampliação do mercado asiático – diz o gerente de mercado da OCB, Marcos Matos.